top of page

Ler por prazer e necessidade

  • Foto do escritor: cassianimotta
    cassianimotta
  • 6 de mai.
  • 3 min de leitura
Em um mundo em que tão pouco se lê, a habilidade de ler o mundo também se perde.

Livros empilhados

Ler é um desafio, sempre foi, exige um esforço mental e é por isso que a leitura está relacionada ao nosso desenvolvimento intelectual, já que faz nosso cérebro trabalhar. Além disso, uma leitura de qualidade é influenciada por fatores externos, alguns leitores gostam de música, outros não, mas é evidente que um ambiente agradável faz toda a diferença nesses momentos. 


Pessoalmente, eu consigo perceber uma grande diferença no meu consumo literário com o passar dos anos e acredito que com muitas outras pessoas isso também acontece. Na infância e adolescência, eu lia muito mais, livros maiores e, às vezes, até mais densos; era como se meu cérebro pudesse absorver cada palavra, e, ao final de um livro logo eu ia para outro. Eu fui aquela adolescente que andava com o livro na rua e lia em todo lugar, minha capacidade de mergulhar nas histórias era algo especial. Note-se, também, que eu nunca tive televisão em casa e, à época, o acesso à internet era escasso e controlado (a internet no modem quando eu tinha 12 anos, não sinto saudade…).


Mas as coisas mudam.


Hoje consigo perceber que aconteceu um declínio no prazer que eu encontrava na leitura quando iniciei o curso superior. Aos 16 anos, cursando História, eram tantos textos complexos, tanto que eu precisava ler e produzir que a leitura por fruição foi sendo deixada de lado. Por mais que eu ame estudar História, a obrigatoriedade de algo, cansa. Meu grande refúgio eram as histórias em quadrinhos mensais que eu retirava na biblioteca da universidade, leituras mais rápidas que contribuíram para manter a sanidade no meio de tanta pressão. A gente até se sente adulta naquele ambiente, mas na verdade a gente não faz ideia do que está fazendo.


Ler por prazer mais uma vez foi uma decisão consciente que tomei depois da formatura da minha primeira graduação. Refleti sobre os quase 5 anos que passei lendo um ou outro livro por vontade própria e não me reconheci. Peguei os livros que comprei nesse período e comecei a ler. Se não me engano, foram os últimos livros de Assassin’s Creed…


Isso me faz pensar sobre a linha tênue entre ler por prazer e decidir ler por saber da importância dessa prática. Não é bom se sentir obrigada a fazer isso, mas é essencial ser capaz de encontrar formas de aproximação daquilo que faz bem. Talvez eu já tenha usado este exemplo por aqui, já que é algo que compartilho com meus alunos, mas a leitura pode ser como ir à academia: nem todo mundo gosta, mas exercícios físicos são essenciais para uma vida saudável, assim, é importante encontrar a atividade que mais combina com a gente e praticá-la até que seja um hábito.


Não sou a pessoa que mais lê enquanto adulta, mesmo que já tenha sido assim entre as crianças e adolescentes que conheci nessa fase da vida. Mas isso nunca foi uma competição. Ainda assim, acredito na importância de intercalar leituras de diferentes tipos. Aquela leitura leve, às vezes até mal escrita, mas que é divertida, em outros momentos, um clássico mais denso, ou ainda, artigos acadêmicos sobre nossos assuntos favoritos que expandem nosso conhecimento. 


Em um mundo em que tão pouco se lê, a habilidade de ler o mundo também se perde. Por isso, é bom entender que nem todo mundo vai ler um calhamaço do século XVIII, mas que, talvez, aquela adaptação literária que alguém leu na escola vai influenciar a pessoa a explorar esse universo. Isso não exime as obras de serem criticadas, mas que isso aconteça com boa argumentação, com qualidade. 


De qualquer forma, ler é altamente recomendável e, quanto antes decidirmos fazer isso, melhor. Ler uma página ou duas por dia é melhor do que nenhuma.


Gostou do post? Outra pessoa também pode gostar. Compartilhe!


 
 
 

Comments


bottom of page